11.24.2009

Ruinas Desembaralhadas

Construímos um castelo de cartas que não deveria existir - assim como, originalmente, nenhum deve.

Calmamente apoiei uma carta com uma sua para formar o primeiro pilar. Muito tempo depois fizemos o segundo e o terceiro. Conversando despretensiosamente, descobrimos já um andar completo, que serviria de base para uma possível elevação.

Elevação que demorou. Muitos meses depois moldamos o segundo e o terceiro andar, rápidos e despreocupados. Ás vezes eu arrancava bruscamente uma carta da base, como que só para testar nossa estrutura. Nosso castelo balançava, mas mantinha-se de pé e firme, como todos os castelos que não deveriam existir.

Nenhum dos dois queria a responsabilidade de subir mais andares. Porém o quarto, o quinto e o sexto foram edificados rapidamente, quase de uma maneira natural e saudável.

Ambos tínhamos sentimentos demais naquelas cartas. Subimos andares sem nos preocuparmos com o equilibro e com a ordem natural das cartas. Desembaralhamos todas e montamos do nosso jeito, cheio de defeitos e músicas. Às vezes ele balançava, mas no fundo sabíamos que ele não cairia tão fácil.

Desde que me lembro da nossa construção, nunca tinha visto você tirar nenhuma carta. Até hoje.

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